quarta-feira, 14 de novembro de 2012

MORAL... Que moral?

 A VENDA DA VIRGINDADE E O LIVRE MERCADO DO PENSAMENTO

Leilão de virgindade, venda de órgãos e bebês, infanticídio. Como alguns pensadores vão aos limites da razão para justificar o que o senso comum rejeita
No dia 24 de outubro, a catarinense Ingrid Migliorini, de 20 anos, vendeu sua virgindade. Provocou desprezo, censura, indignação. Foi barrada de um desfile na Fashion Rio porque Tito Bessa Júnior, diretor da marca que a havia convidado, recebeu dezenas de mensagens de repúdio. Para os que atulharam a caixa de mensagens de Bessa, Ingrid, ao submeter seu corpo ao mercado, se degradou pessoalmente, mas também, e mais importante, feriu os códigos de ética que cimentam a nossa existência em comum. Para certos pensadores, no entanto, a ideia de que a virgindade possa ser transacionada não tem nada de chocante. Eles não param aí. Também deveria haver, dizem eles, um mercado para órgãos, embriões e até mesmo bebês, pois essa solução, apesar da aparência ultrajante, resultaria na verdade em maior benefício social. Algumas variantes desse tipo de pensamento vão ainda mais longe: ao substituir a moral pela lógica, ou reduzir os problemas éticos a teoremas, não se detêm nem mesmo diante de ideias como o infanticídio. O desafio peculiar que esses filósofos, cientistas, juristas e economistas representam é que eles não se mostram como "inimigos da sociedade" ou "transgressores". Eles não rejeitam as leis, os princípios de justiça e a democracia. Pretendem ser, no máximo, reformadores – que levam a razão até os seus limites para, hipoteticamente, aperfeiçoar nosso modo de vida e livrá-lo de tabus e superstições.
 
Sobre o assunto, li de um sábio pensador inglês o seguinte:
 "Essa retidão elementar da reação humana, à qual estamos sempre prontos a atribuir os epítetos de vulgar, crua, burguesa e convencional, está longe de nos ser conferida; trata-se de um delicado equilíbrio de hábitos laboriosamente adquiridos e facilmente perdidos, de cuja manutenção dependem tanto nossas virtudes e nossos prazeres como, talvez, a própria sobrevivência da espécie."